A meca consumista Nova York tem como alvo sua cultura descartável neste fim de semana com a proibição de sacolas plásticas de uso único, que já faz anos e ainda é rara nos Estados Unidos.
Os nova-iorquinos gostam de se ver na vanguarda dos esforços para salvar o meio ambiente, mas estão acostumados a receber mantimentos em sacolas plásticas gratuitas , muitas vezes dobradas para garantir a robustez.
No domingo, isso mudará quando Nova York se tornar o terceiro estado dos EUA a proibir os sacos não biodegradáveis, acusados de asfixiar rios, desarrumar bairros e sufocar a vida selvagem.
Ativistas ambientais acolhem a nova lei, mas alertam que as isenções enfraquecerão seu efeito, enquanto algumas pequenas empresas temem que a proibição possa impactar negativamente seus lucros.
No Westside Market, em Manhattan, Janice Vrana, de 66 anos, que diz que faz compras com uma sacola de pano reutilizável há uma década, está satisfeita com a exclusão de sacos de plástico “difundidos”.
“Você poderia dirigir sobre eles 500 vezes com um Mack Truck e eles provavelmente não quebrariam. O mínimo que posso fazer, faço”, disse ela à AFP.
Janine Franciosa, 38 anos, que trabalha com publicidade, disse que são ótimas pessoas que estão se conscientizando de como suas “compras diárias estão afetando o meio ambiente”.
Mas nem todos estão felizes.
O gerente do Westside Market, Ian Joskowitz, 52, disse à AFP que alguns clientes estão “chateados” porque usam sacolas plásticas gratuitas como sacolas de lixo.
Multas
Nova York usa cerca de 23 bilhões de sacolas plásticas todos os anos, de acordo com o governo do estado .
Cerca de 85% são jogados fora, acabando em aterros sanitários e nas ruas e praias, diz o documento.
Após várias tentativas frustradas, os legisladores finalmente aprovaram a proibição em abril de 2019.
Impede todos os varejistas que pagam impostos estaduais – como lojas de departamento, supermercados, lojas de esquina e postos de gasolina – de fornecer sacolas plásticas aos clientes.
Os infratores podem esperar multas de até US $ 500, embora as autoridades tenham dito que darão tempo às lojas para se adaptarem às novas regras.
A proibição “protegerá nossos recursos naturais para as gerações futuras”, disse o governador Andrew Cuomo quando anunciou a legislação no ano passado.
A lei permite que a cidade de Nova York e os municípios cobrem um imposto de cinco centavos em sacos de papel, com parte da receita resultante destinada a um fundo de proteção ambiental.
Kate Kurera, vice-diretora da Environmental Advocates de Nova York, diz que a proibição causará “uma tremenda redução” na poluição de resíduos plásticos.
Ela lamenta, no entanto, que a comida, amada pelos 8,6 milhões de habitantes da cidade, esteja isenta.
Outras isenções incluem sacolas para medicamentos prescritos, embalagem plástica para jornais entregues aos assinantes e sacolas usadas exclusivamente para alimentos não pré-embalados, como carne e peixe.
Kurera deseja que o governo faça com que a taxa de sacolas de papel seja obrigatória para forçar os clientes a trazer suas próprias transportadoras, observando que a produção de sacolas de papel é intensiva em termos de petróleo, combustíveis fósseis e árvores usadas.
‘Vive com isso!’
“Idealmente, nenhuma das bolsas é preferível”, disse ela à AFP. “O comportamento é mais lento para mudar quando as pessoas sabem que podem obter um saco de papel grátis”.
Greg Biryla, diretor estadual da Federação Nacional de Negócios Independentes de Nova York, diz que as alternativas podem custar até sete vezes mais que as sacolas plásticas.
“Eles são proporcionalmente mais onerosos para as pequenas empresas que não estão comprando uma quantidade tão grande quanto seus colegas de grandes empresas”, disse ele à AFP.
A Califórnia e o Oregon têm proibições estaduais de sacolas plásticas, enquanto o Havaí tem uma proibição de fato.
Quatro outros estados têm proibições a partir de breve, enquanto o Texas impediu que suas cidades proibissem sacolas plásticas.
Nova York é vista como uma das cidades mais inovadoras do mundo, mas na questão do plástico, ainda há muito o que fazer internacionalmente.
Onipresentes na Big Apple são utensílios de plástico de uso único, como talheres, palhas e agitadores, que os países da União Européia votaram proibir no próximo ano.
Os residentes mais velhos de Nova York observam que as sacolas plásticas só ficaram disponíveis nos supermercados dos EUA em 1979, sinalizando a rapidez com que os hábitos podem mudar.
“Quando eu era criança, trouxemos nossas próprias malas”, disse a cliente Denise Shaleaon à AFP, acrescentando a proibição: “O nova-iorquino terá que conviver com isso!”